sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A vida

A essência (da vida) é a finitude como ser superado de todas as diferenças, em puro movimento de rotação ao redor de seu eixo, a quietude de si mesmo como infinitude absolutamente inquieta; a independencia mesma, na qual se dissolvem as diferenças de  movimento; a essencia simples do tempo, que tem nesta igualdade consigo mesma a figura compacta do espaço. 
Mas nesse meio simples e universal, as indiferenças são também como diferenças, pois esta fluidez universal só tem sua natureza negativa enquanto é uma superação delas; mas não pode superar as diferenças se estas não têm subsistência. E é precisamente esta fluidez que, como independência igual a sí mesma, é ela mesma a subsistência ou a substância delas, na qual elas são, portanto, como membros diferenciados e partes que são para si. 
O ser já não tem o significado da abstração do ser, nem a essencialidade pura destes membros da abstração da universalidade, senão que seu ser é cabalmente aquela simples substância fluida do puro movimento em si mesmo […] 
Portanto, a substância simples da vida é o desdobramento desta mesma em figuras e, ao mesmo tempo, a dissolução destas diferenças subsistentes […] 
Todo este ciclo constitui a vida, que não é o que primeiramente se havia dito, a continuidade imediata e a solidez de sua essência, nem a figura subsistente e o discreto que é para si, nem o puro processo disso tudo, nem tampouco a simples agrupação destes momentos, senão o todo que se desenvolve, dissolve seu desenvolvimento e se mantem simplesmente neste movimento. 

Hegel, em Fenomenologia do Espírito