segunda-feira, 29 de junho de 2009

terça-feira, 16 de junho de 2009

Miguel Nicolelis - O CARA

Dia 08 de Junho de 2009 no teatro da Folha, foi sabatinado o mais pop cientista brasileiro no mundo, primeiro conterrâneo nosso indicado ao Prêmio Nobel de Medicina, mais influente pesquisador da fisiologia cerebral atualmente, médico neurologista pela USP e Neurocientista da Universidade de Duke na Califórnia, Doutor Miguel Nicolelis. Por duas horas passou pelas perguntas dos exigentes colunistas da folha Hélio Schwartsman, Gilberto Dimenstein e Suzana Herculano. 

Começa falando sobre a ciência, o mundo dos cientistas, e a já conhecida dificuldade em fazer ciência no Brasil. Sugere que como exemplo aos países desenvolvidos o Brasil carece do apoio da sociedade na ciência. Conseguir financiamento, por parte da alta sociedade, promoveria um "Salto Quântico" na ciência brasileira. Essa falta é decorrente  do pouco interesse na educação por parte da elite brasileira. 

Define o pensamento como "uma onda elétrica, pequenininha, de milivolts, se espalhando pelo cérebro numa escala de tempo de milisegundos. O pensamento nada mais é, que um campo elétrico e um campo magnético, muito pequeno e difícil de medir.

Conclui adiante que "o nosso alcançe vai mudar a longo prazo, a nossa noção de mundo, de ambiente, de presença física vai mudar". Isso será possivel por meio desta interação entre cérebro e máquinas. O cerebro passará a considerar aparelhos, mesmo que a milhares de quilômetros, como sendo parte do próprio corpo. "É como se houvesse uma incorporação", afirma. Da mesma forma que o cérebro de um tenista considera a raquete como uma extensão do próprio braço. 

Contesta a idéia, muito difundida hoje pela frenologia do século XXI e popular entre os próprios neurocientistas, de o cérebro funcione com funções isoladas em cada região, compartimentalizada. Enfatiza que "Isto é Balela", e que "as funções do cérebro não são determinadas geograficamente, mas em função demanda que é imposta ao cérebro". A localização da função é probabilística e espalhada por todo o cérebro da mesma forma que a experiência da realidade nunca é unimodal, nunca é unicamente visual ou tactil. 

O debate passa por temas polêmicos, como quando Nicolelis conceitua Deus, que na sua opinião "de palmeirense", é "a necessidade de explicar de onde viemos", necessidade intrínseca de um cérebro que simula a realidade, e que a beleza disto, como a beleza de todo o funcionamento cerebral é que nada ocorre em regiões isoladas. Quando o tema é o livre arbítrio, Nicolelis dá uma resposta consesual e politicamente correta: "A resposta é quântica, sim e não". Existe um momento em que o livre arbítrio aparece, existe um momento em que uma intenção emerge através de diferentes combinações no cérebro. Entretanto essa intenção, esse livre arbítrio tem um limite, que é probabilistico, e limitado pelo ponto de vista, pela história de cada cérebro. Derruba o behavorismo ao concordar com Suzana, que "somos mais do que máquinas de responder à estímulos, somos quem criamos as máquinas". 

O vídeo tem mais de uma hora, mas vale muito a pena pra quem gosta de assuntos filosóficos, psicológicos e científicos. Vou parar por aqui, do contrário acabo escrevendo o vídeo todo e não deixo nada pra quem for assistir... Só clicar AQUI.