sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Educação digital

O cara se acha pra caralho, mas paguei pau pra aula dele. O video tem cerca de 1 hora e em todos os blogs por onde passou foi visto por inteiro. Eu vi inteiro. Nao que eu tenha tempo de sobra pra ficar uma hora vendo porcaria, não, não é isso. O video é muito bom mesmo. Esse nanico que nos fala no video é um tal de Luli Radfahrer e nesse vídeo ele dá um pincelada sobre o modelo educacional brasileiro hoje  e como a inclusão digital, internet e o pensamento do Sec. XXI deveriam estar na transformação desse modelo. Com didática e fluência fabulosas associadas a um tema interessantissimo, não há como não assistir tudo. 
Agora, dá só uma olhada no currriculo do nanico: 

Luli Radfahrer é Ph.D. em comunicação digital pela ECA-USP, de onde também é professor há mais de dez anos. Trabalha com internet desde 1994, quando fundou a Hipermídia, uma das primeiras agências de comunicação digital do país, hoje parte do grupo Ogilvy. Saiu em 96 para fundar seu estúdio, onde atendeu AlmapBBDO, MTV, FIAT, Leo Burnett, VISA, Volkswagen e Camargo Corrêa. Em 99 foi para a StarMedia de Nova York assumir a Vice-Presidência de Conteúdo. De volta, criou a dpz.com, divisão digital da agência de propaganda DPZ. Em 2002 trabalhou em Londres, com projetos de TV Interativa e comunicação wireless. Voltou como consultor, tendo como clientes a AOL Brasil (redesenho e reestruturação do conteúdo) e o McDonald’s (projeto de conteúdo para o McInternet). Desenvolve, segundo seus amigos, “projetos meio malucos” para empresas no Brasil, Canadá, Estados Unidos e Oriente Médio. Colunista da revista Webdesign, é autor dos livros “Design/web/design” e “Design/web/design:2”, considerados referência para a área, e “A Arte da Guerra Para Quem Mexeu No Queijo Do Pai Rico”, uma análise crítica e bem-humorada do ambiente corporativo.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Plástico seus idiotas!!!

O comediante e crítico George Carlin fala sobre a onda de "Salve o planeta". Consegue com o discurso quebrar com o sempre presente antropocentrismo narcísico caracteristico dos humanos e colocar essa espécie em seu lugar. E termina com uma conclusão perfeita!


domingo, 23 de novembro de 2008

Um lance de dados

Um lance de dados, por Ferreira Gullar, na Folha

QUANDO DIGO que a vida não é newtoniana e, sim, quântica, sei que não estou fazendo uma afirmação científica, mas, como poeta que às vezes sou, valho-me de uma metáfora para baratinar a cabecinha do próximo e fazê-lo se dar conta de que, muitas vezes, dois mais dois são cinco.
Por exemplo, a eleição de Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos. Isso tem lógica? Está dentro do previsível? Agora, depois que aconteceu, parece ter lógica e deve ter, já que aconteceu, mas não a lógica do dois-mais-dois quatro.
Assim que ele se lançou candidato e lhe vi o rosto, achei que não ia dar. Não apenas porque ele fosse mulato mas porque me parecia frágil, sem aquele maxilar de macho: uma aparência de intelectual recém-saído da adolescência. E disse a mim mesmo: "Os americanos não vão entregar o país a esse rapaz".
Isso sem contar que ele se chamava Barack Hussein Obama. No entanto, ele derrotou Hillary Clinton e, finalmente, John McCain. Vai governar a maior potência econômica e política do planeta.
A impressão que se tem é de que o mundo está contente com a vitória dele. E otimista. Todos esperamos que algum milagre aconteça, que esse jovem mulato, inteligente, informado, brilhante e objetivo faça o mundo mudar para melhor. É esperar muito? Certamente, mas sem esperança não se suporta viver.
Tudo bem, aconteceu, o improvável aconteceu. Mas, se aconteceu, foi porque era possível acontecer, e quem, como eu, temia não ser possível equivocou-se. É que a vida é quântica: a simples lógica não dá conta dela.
Será possível, agora, saber quando tudo começou? Foi com os discursos de Martin Luther King, a afirmar que tinha um sonho e que esse sonho era de uma pátria fraterna, sem discriminação racial? Foi durante a luta dos anos 60 pelo Poder Negro? Esses fatos, certamente, influíram, mas é impossível determinar, na natureza e na história, quando exatamente as coisas começam, mesmo porque o curso da existência, por serem tantos os fatores que sobre ele atuam, resulta produto tanto da necessidade quanto do acaso.
A verdade, porém, é que, se Barack Obama não tivesse nascido, isso não teria acontecido. Surgiria um outro mulato inteligente, orador brilhante, carismático para vencer as eleições norte-americanas de 2008? Dificilmente. E o próprio Obama teria ganhado esse pleito, se ele não tivesse ocorrido depois dos dois desastrosos governos de George W. Bush?
Há quem diga que não, não teria, e, se isso for verdade, devemos concluir que Bush, com suas guerras e mentiras, também concorreu para a vitória de Obama. E a crise financeira que se deflagrou no planeta em plena campanha eleitoral não contribui para a vitória do democrata?
Como se vê, a história não está predeterminada. A não ser para aqueles que acreditam no destino -como os gregos acreditavam-, o fortuito também influi nos acontecimentos mais relevantes. Por isso, vale a hipótese de que, se Obama não tivesse nascido, a história que o mundo iria viver daqui para a frente seria outra. Isso não significa que ele seja um predestinado, que nasceu para salvar o mundo.
Nem sei se o governo dele vai ser tão bom quanto todos nós desejamos. Pode ser, pode não ser. Mas, se ele não tivesse nascido de um negro queniano e uma branca norte-americana do Kansas, com esse charme todo, não teríamos agora um presidente mulato na Casa Branca. Isso significa que nenhum outro negro chegaria a governar os Estados Unidos? Não, mas talvez não acontecesse tão cedo.
Porque assim é a história humana: o que acontece poderia não acontecer. Não pretendo dizer que tudo seja mero produto do acaso, e, sim, que a necessidade tem incontáveis modos de realizar-se.
E que, por isso mesmo, as pessoas, por sua capacidade de ação e inteligência, podem influir decisivamente no destino da humanidade.
O certo é que, durante décadas e décadas, naquele fervilhar de gente que é seu país -pessoas que se amam e se odeiam, ambições e traições, filhos que nascem e viram bandidos ou artistas de cinema, poetas ou campeões de golfe-, essa vitória surpreendente era gestada, sem que ninguém se desse conta.
E assim como numa mesa de sinuca, onde se movessem milhões de bolas (desde a queda das Torres Gêmeas, o escândalo Clinton, as mentiras de Bush e a guerra do Iraque), preparava-se a ascensão de um jovem mulato ao mais alto posto a que um norte-americano pode chegar. E chegou. Agora, les jeux sont faits, os dados foram lançados.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Consciência

Isso é gente??? 
O preconceito não é pela cor. 
É pela pobreza, material, intelectual e social!


Chupinhado do Chongas

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Obama e o resgate do espírito americano

A eleição de Barack Obama eletrizou o mundo, mas ainda não é possível saber exatamente a razão. Há uma espécie de prazer transcendental em saber que Bush partiu, e em vê-lo ser substituído por um sujeito que não é de seu partido, que é um novato na política, negro, liberal e jovem, uma antítese completa desses anos sombrios, repletos de um grave conservadorismo messiânico excludente. O terrorismo, mantra dessa administração desastrosa, que anulou todas as demais considerações, deixa de ter o sentido original de urgência e se dilui numa agenda ampla de preocupações, liderada sobretudo pelo aquecimento global e pela irresponsabilidade do mercado financeiro. 

No entanto, por esse aspecto, Obama ainda não é história. Ele é apenas o fim, digamos, “dialético” de uma idéia de poder que desconsiderou a razão como vetor, substituindo-a pelo que Bush chamou de “clareza moral”, termo cuja ambiguidade estudada é ampla o bastante para justificar mentiras e engodos de toda sorte. 

Por essa razão, sobre os ombros de Obama repousam expectativas que vão muito além dos fatos. Dele se espera que seja resgatado o “espírito americano”, o leitmotiv de milhões de pessoas que desde o século 18 ajudaram a transformar os EUA de um pântano num país admirável, que já foi modelo para o mundo. E isso num contexto de crise profunda, não só sob o aspecto econômico, mas de sua própria identidade. 

Obama será história se, em seu governo, conseguir devolver os americanos a seus sonhos. Enquanto isso não acontecer, ele será apenas uma boa notícia – o que não é pouca coisa nessa triste América legada por Bush.

Por Marcos Guterman