domingo, 10 de janeiro de 2010


" O Amor é dar algo que não se tem, a alguém que não o quer."

Jacques Lacan




Montenegro

Oswaldo montenegro é...
andou pintando a casa!!!

Sanidade ou Loucura? Excentricidade não é loucura!!!
Ele mesmo explica!!

Passou no Fantástico!!!




Uou...

Quanto tempo sem postar aqui. Quase 6 meses. Andei um pouco atarefado, trabalhando muito e com pouco tempo de sobra. Ha algumas semanas pedi demissão de um emprego e ainda não voltei no ritmo corrido de antes. Parece que vou ter um tempo pra elaborar alguns rascunhos.
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Que bom!!!

domingo, 2 de agosto de 2009

Apologia de um Deus ausente

W.B. Yeats escreveu que todas as nossas ideias sobre Deus são "lixo e purpurina", como um vestido de casamento de mau gosto que esconde a verdade que há por baixo. Karen Armstrong uma das melhores escritoras vivas sobre religião, concorda.

Mas, em seu último livro, "The Case for God" [Em Defesa de Deus, ed. Bodley Head, 376 págs., 20, R$ 62], afirma que houve um tempo em que as pessoas entendiam melhor Deus.

"O Deus moderno parece o Alto Deus da Antiguidade remota, uma teologia que foi unanimemente descartada ou radicalmente reinterpretada por ser considerada inapta", ela escreve. Em outras palavras, nossa ideia de Deus, sejamos ateus ou crentes, regrediu ao infantil.

Os maiores ofensores são aqueles que tratam Deus como um super-homem intervencionista, que resolve os problemas. O catálogo de Armstrong de culpados ineptos inclui políticos que apelam a Deus para justificar suas políticas, terroristas que o invocam para cometer atrocidades e cientistas que encaixam Deus em uma teoria física, mesmo que só para desbancá-lo.

A ciência, afirma a autora, teve uma influência profundamente equívoca em crentes e descrentes. Quando [o biólogo] Richard Dawkins ataca Deus, seu alvo é um absurdo superprojetista, necessariamente mais complexo que qualquer das complexidades da natureza. Além disso, há cientistas crentes que veem Deus como uma espécie de técnico de sintonia fina.

Na verdade, as noções modernas de Deus, diz Armstrong, são principalmente enganos de teólogos que, a partir do século XVII, tentaram explorar a ciência como um suporte da fé. Essa busca racional por Deus, diz ela, na verdade incentivou o ateísmo.

A autora também indica que a teologia baseada na ciência é notoriamente inconfiável. Quando um teólogo conjura Deus para preencher uma lacuna em nosso conhecimento, uma nova teoria pode ejetá-lo.

Deus insondável

E a ideia de Deus como uma "coisa" ou um "ser", ou um objeto no mundo que disputa a atenção com outros objetos, minou um sentido mais profundo e misterioso de Deus que se desenvolveu em todas as fés ao longo dos séculos.

Armstrong tenta isolar o que ela considera a ideia perdida crucial de Deus como o insondável e indizível. Qualquer coisa aquém de admitir a natureza inefável de Deus, insiste, leva à idolatria - adorar um deus de nossa própria criação. Por definição, não há uma maneira fácil de escrever sobre o inarrável.

Uma de suas tentativas, no centro do livro, envolve os ensinamentos do filósofo cristãoDionísio Areopagita [teólogo do século VI, assumiu como pseudônimo um nome bíblico].

"Primeiro temos de afirmar que Deus é", ela escreve. "Deus é uma rocha, Deus é uno, Deus é bom, Deus existe. Mas quando escutamos cuidadosamente a nós mesmos, caímos em silêncio, abatidos pelo peso do absurdo que há nessa conversa de Deus."

Na fase seguinte, negamos esses atributos. "Mas o "caminho da negação" é apenas tão impreciso quanto o "caminho da afirmação". Como não sabemos o que Deus é, não podemos saber o que Deus não é, e portanto devemos negar as negações...", ela diz.

A fase final, se você continuar a bordo, é um estado que os místicos chamam de "noite escura da alma", ou a nuvem do desconhecimento. É duro escrever sobre Deus, afirma. Assim como ler sobre Ele.

Amadurecimento

Mas apenas pensar em Deus não adianta; Armstrong insiste em que sentir Deus depende de oração, ritual, escritura e silêncio; é um processo, mais que uma conclusão lógica. E nenhuma fé individual tem o monopólio da iluminação.

Se as religiões conseguissem retornar à verdadeira iluminação, seríamos capazes, ela escreve, citando John Keats [1795-1821], de lidar com "incertezas, mistérios, dúvidas, sem qualquer busca irritante por fato e razão".

Quais são as perspectivas do apelo de Armstrong por uma compreensão mais iluminada? Alguns carolas começam a se voltar para uma abordagem mais criativa, menos científica e dogmática da fé.

Ela acredita que um entendimento mais maduro de Deus diminuiria o antagonismo entre ciência e religião, reduziria a violência inspirada na religião e provocaria mais compaixão.

Infelizmente, a história mostra que a maioria das tentativas de combater elementos prejudiciais dentro da religião tende a provocar reações dos extremos. Armstrong está consciente disso; mas este livro, escrito com paixão, prodigiosamente pesquisado, é uma súplica poderosa para se tentar.


Artigo Publicado na Folha de S.P dia 02 de Agosto de 2009,

Escrito por John Cornwell, autor de "Darwin's Anges"

Este artigo foi publicado no "Financial Times", 

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Gestalt

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Carpinerjar

Fabrício Carpinejar é poeta, escritor gaúcho. Passou pelo "Programa do Jô", divulgando seu novo trabalho, o livro "Canalha". O livro passa quase despercebido diante da tamanha criatividade e genialidade poética deste sujeito calvo, feio e de visual quase futuristico. Um sujeito no mínimo interessante, e divertido. 


Dica do PCoda, por SMS de madrugada. 

segunda-feira, 29 de junho de 2009

terça-feira, 16 de junho de 2009

Miguel Nicolelis - O CARA

Dia 08 de Junho de 2009 no teatro da Folha, foi sabatinado o mais pop cientista brasileiro no mundo, primeiro conterrâneo nosso indicado ao Prêmio Nobel de Medicina, mais influente pesquisador da fisiologia cerebral atualmente, médico neurologista pela USP e Neurocientista da Universidade de Duke na Califórnia, Doutor Miguel Nicolelis. Por duas horas passou pelas perguntas dos exigentes colunistas da folha Hélio Schwartsman, Gilberto Dimenstein e Suzana Herculano. 

Começa falando sobre a ciência, o mundo dos cientistas, e a já conhecida dificuldade em fazer ciência no Brasil. Sugere que como exemplo aos países desenvolvidos o Brasil carece do apoio da sociedade na ciência. Conseguir financiamento, por parte da alta sociedade, promoveria um "Salto Quântico" na ciência brasileira. Essa falta é decorrente  do pouco interesse na educação por parte da elite brasileira. 

Define o pensamento como "uma onda elétrica, pequenininha, de milivolts, se espalhando pelo cérebro numa escala de tempo de milisegundos. O pensamento nada mais é, que um campo elétrico e um campo magnético, muito pequeno e difícil de medir.

Conclui adiante que "o nosso alcançe vai mudar a longo prazo, a nossa noção de mundo, de ambiente, de presença física vai mudar". Isso será possivel por meio desta interação entre cérebro e máquinas. O cerebro passará a considerar aparelhos, mesmo que a milhares de quilômetros, como sendo parte do próprio corpo. "É como se houvesse uma incorporação", afirma. Da mesma forma que o cérebro de um tenista considera a raquete como uma extensão do próprio braço. 

Contesta a idéia, muito difundida hoje pela frenologia do século XXI e popular entre os próprios neurocientistas, de o cérebro funcione com funções isoladas em cada região, compartimentalizada. Enfatiza que "Isto é Balela", e que "as funções do cérebro não são determinadas geograficamente, mas em função demanda que é imposta ao cérebro". A localização da função é probabilística e espalhada por todo o cérebro da mesma forma que a experiência da realidade nunca é unimodal, nunca é unicamente visual ou tactil. 

O debate passa por temas polêmicos, como quando Nicolelis conceitua Deus, que na sua opinião "de palmeirense", é "a necessidade de explicar de onde viemos", necessidade intrínseca de um cérebro que simula a realidade, e que a beleza disto, como a beleza de todo o funcionamento cerebral é que nada ocorre em regiões isoladas. Quando o tema é o livre arbítrio, Nicolelis dá uma resposta consesual e politicamente correta: "A resposta é quântica, sim e não". Existe um momento em que o livre arbítrio aparece, existe um momento em que uma intenção emerge através de diferentes combinações no cérebro. Entretanto essa intenção, esse livre arbítrio tem um limite, que é probabilistico, e limitado pelo ponto de vista, pela história de cada cérebro. Derruba o behavorismo ao concordar com Suzana, que "somos mais do que máquinas de responder à estímulos, somos quem criamos as máquinas". 

O vídeo tem mais de uma hora, mas vale muito a pena pra quem gosta de assuntos filosóficos, psicológicos e científicos. Vou parar por aqui, do contrário acabo escrevendo o vídeo todo e não deixo nada pra quem for assistir... Só clicar AQUI.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

TED CONFERENCE - SEXTO SENTIDO

Já postei aqui um video da TED Conference que acontece na Califórnia. A conferencia reúne os expoentes de todos os segmentos do conhecimento para troca de idéias e informações. A utilidade disso eu vou escrever num post logo mais, aguardem...

Então, aqui tem o a Dra. Pattie Maes, Doutora em Ciência da Computação e investigadora da área de interfaces fluidas do MIT. Ela expõe uma idéia não muito complexa de um dispositivo, chamado por ela de Sexto Sentido, que associado a uma pesquisa de dados de maior acurácia e processamento de dados mais rápidos no futuro, poderão transformar a telecomunicação muito mais indispensável do que é hoje. Uma tecnologia para onde estão convergindo celular, internet e gadgets. 

Confesso que a idéia a princípio me pareceu meio imbecil mas na conferência com a presença de autoridades da ciência e tecnologia, Maes e seu aluno foram aplaudidos de pé. Vale lembrar também que as projeções para o futuro são sempre conceitos, tendências. Acho que seria mais interessante se com a neurociência fizessem as informações aparecerem não numa superfície, mas na própria mente... nussss... 

São só 8 minutinhos, vale a pena...





sábado, 23 de maio de 2009

A Pergunta do Século...


"Todo mundo  'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos  filhos...  
Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"


sexta-feira, 22 de maio de 2009

A Aposta de Pascal derrubada

Acho que Richard Dawkins deve ser o cara mais ateu do mundo.  Apesar de descartar completamente a idéia divina judaico-cristã, tem outras idéias bacanas pra explicar alguns fenômenos interessantes. 

Por exemplo, Dawkins cunhou o termo "memeplexos", idéias que evoluem sob as mesmas regras da evolução biológica. Tudo começou em 1976 quando formulou o conceito de meme para designar unidades de informação cultural capazes de propagar-se entre mentes humanas de modo análogo àquele pelo qual genes se perpetuam em seres vivos. Estes emblemáticos conceitos são a tecnologia, a moda, piadas, factóides, as religiões. Todos considerados como complexo de memes, ou "memeplexos". Modéstia a parte, eu já havia levantado essa idéia ha muito tempo, de forma rudimentar, mas sozinho. 

Acho fascinante como uma idéia que é imaterial, pode, reproduzir-se de forma semelhante a organismos biológicos. Virus de computador não contém material biológico, mas se espalham ainda masi rápido que moléstias como variola e ebola. No conceito de Dawkins, as idéias tem em comum com os genes, as características fundamentais da evolução: variação, competição e, principalmente, a possibilidade de influir no processo evolutivo do ser e replicar a propria tese. 

O catolicismo, por exemplo, surgiu como uma variante do judaísmo. E, embora a Igreja Católica não goste muito de admitir, mudou bastante através dos tempos. Concorre com outros memeplexos --como os oferecidos pelos cultos evangélicos. No momento, está perdendo para eles, pelo menos no Brasil. Produz efeitos sobre as vidas das pessoas --que podem ser positivos, neutros ou negativos. Esses resultados ajudam ou atrapalham sua propagação. Uma religião que prescrevesse o sacrifício ritual de todos os seus membros aos 11 anos não duraria mais do que uma geração. Já uma que introduza hábitos de higiene ou induza à colaboração entre seus membros teria sua reprodução facilitada, pois adeptos seus viveriam e se reproduziriam mais do que os fiéis de credos menos "úteis".

Deixando a ideía dos memeplexos de lado, já que não tem nada haver com o vídeo que eu vou postar, começemos a falar sobre o que interessa no vídeo. 

Aqui Dawkins, ele próprio destrói com a "Aposta de Pascal". Como eu disse, Dawkins tem idéias bacanas, e com elas conseguiu destruir com a forma lógica mas imbecil de se convencer alguem a converter-se às religiões judaico-cristãs. A Aposta de Pascal, criada por Blaise Pascal, longamente apresentada no livro "Penseés", é um argumento que pode ser considerado calculista. Apesar de não ser um argumento direto a favor da existência de Deus tem a seguinte lógica de argumentos para convencer o comportamento humano de acordo com a existencia de Deus

Se você acredita em Deus e nas Escrituras e estiver certo, será beneficiado com a ida ao paraíso;
Se você acredita em Deus e nas Escrituras e estiver errado, não terá perdido nada; 
Se você não acredita em Deus e nas Escrituras e estiver certo, não terá perdido nada;
Se você não acretida em Deus e nas Escrituras e estiver errado, você irá para o fogo do inferno. 

Este argumento é uma maneira algo tendenciosa para se tentar convencer as pessoas da possibilidade da existência de Deus. Afirma que se deve acreditar no Deus judaico-cristão, porém existem milhares de outros Deuses a serem considerados como existentes ou não. É este o ponto onde Dawkins pega para implodir a Aposta de Pascal. 




Fibonnacci (de novo)

Mais uma vez Fibonnacci... 
Segue um video bem pirado mas bacana sobre o assunto.  Sempre que penso sobre essas coisas me pergunto: Será a matemática, a lógica, uma invenção da mente humana ou apenas uma receita, um código universal que observamos e descrevemos? 

Durmam com esse barulho!!!



DMT + PINEAL = CONSCIÊNCIA ?

DMT ou Dimetil-triptamina, é a substância encontrada no LSD e outros alucinógenos usados em experiências religiosas como a Ayahuasca. Pineal ou Glândula Epifisária é uma glândula situada entre os dois hemisférios cerebrais. É responsável pela regulação hormonal de todo o corpo, pelo controle dos ciclos circadianos ou sono-vigília e todos os ciclos vitais. O DMT também é produzido endogenamente pelo cérebro, entretanto é desconhecido ainda seu local de produção e um pouco menos de sua atuação. Suspeita-se de fato de alguma relação glândula Pineal, mas tudo muito longe do que sugere o video abaixo. Me chamou a atenção essa hipótese diferente, da interação entre os dois terem relação com a produção da consciência. 


quinta-feira, 9 de abril de 2009

Bug Cerebral

Acho uma imbecilidade comparar a mente com um computador. Mente e cérebro são duas faces da mesma moeda. Hardware e Software também. A analogia pode parecer perfeita, ainda assim, não gosto. Às vezes tenho que dar o braço a torcer para esta comparaçao. Nessas horas gosto de pensar que se meu cérebro é uma maquina e minha mente um software, eles são respectivamente um Mac e o OS Leopard. Ao contrario conheco alguns que ainda têm um DOS ou Windows 3.1 desatualizado instalado numa cabeça que mais parece um 286.  

Hoje enconrei este teste bacana na internet que fala de um Bug no cérebro. Bug no internetês é um erro no funcionamento comum de um software, também chamado de falha na lógica programacional de um programa de computador, e pode causar discrepâncias no objetivo, ou impossibilidade de realização, de uma ação na utilização de um programa de computador.

Resumindo, é quando acontece alguma coisa no seu micro e alguém fala: "DEU PAU!". Esse é o tal do Bug. 

Para provar isso, cientistas israelenses desenvolveram um pequeno exercício de cálculo. 

Para funionar, você deve fazer este cálculo mentalmente (e rapidamente), sem utilizar calculadora nem papel e caneta. Seja honesto com você mesmo, é mais legal =) 

Vamos lá: 

1º TESTE 
Temos 1000, acrescenta-lhe 40. Acrescente mais 1000. 
Acrescente mais 30 e novamente 1000. Acrescente 20. 
Acrescente 1000 e ainda 10. 
Qual o total? (resposta abaixo) 
























O resultado é: 5000? 
A resposta certa é 4100. 

Se não acreditar, verifique com a calculadora. O que acontece é que a sequência decimal confunde o nosso cérebro, que salta naturalmente para a mais alta decimal (centenas em vez de dezenas). 


2º TESTE: 
Conte, quantas letras "F" tem no texto abaixo sem usar o mouse, lendo de uma vez: 

FINISHED FILES ARE THE RE-SULT OF YEARS OF SCIENTIF-IC STUDY COMBINED WITH THE XPERIENCE OF YEARS 














Contou? 
















Quantos? 3? Talvez 4? 
Errado, são 6 (seis) - não é piada. Se não acredita, volte e leia mais uma vez. O cérebro não consegue processar a palavra "OF". 

Loucura, não? 
Segundo os cientistas, quem conta todos os 6 "F" na primeira vez é um "gênio". 3 é normal, 4 é mais raro, 5 mais ainda, e 6 quase ninguém. 


3º TESTE 
Alguma vez já se perguntou se somos mesmo diferentes ou se pensamos a mesma coisa? 
Faça este exercício e encontre a resposta: 

Responda uma de cada vez: 

Quanto é: 

15+6 





3+56 





89+2 





12+53 





75+26 





25+52 





63+32 




Sim, os cálculos mentais são difíceis mas agora vem o verdadeiro teste. Seja persistente e siga adiante. 



123+5 



RÁPIDO! PENSE EM UMA FERRAMENTA E UMA COR! 































Pensou em um martelo vermelho, não??? Se não, você é parte de 2 % da população que é suficientemente diferente para pensar em outra coisa. 98% da população responde martelo vermelho quando resolve este exercício. Seja qual for a explicação para isso, mandem para seus amigos para que vejam se são "normais" ou não. 

sexta-feira, 20 de março de 2009

A New Science of Life

Vou fazer propaganda de um livro aqui. Não faria isso se não achasse o assunto interessante. O autor, Rupert Sheldrake, propõe uma hipótese que tange as idéias de Jung no seu livro: "A Nova Ciência da Vida - A hipótese a ressonância morfica e a teoria do centésimo macaco". Parece um título perfeito para uma idéia que propôe romper com os paradigmas teóricos da ciência cartesiana. 

Uma metáfora explica muito bem a hipótese: Duas ilhas tropicias, habitadas pela mesma espécie de macacos, mas sem qualquer contato perceptível entre si. Depois de várias tentativas e erros, um esperto símio da ilha "A" descobre uma maneira engenhosa de quebrar cocos, que lhe permite aproveitar melhor a água e a polpa. Ninguém jamais havia quebrado cocos dessa forma. Por imitação, o procedimento rapidamente se difunde entre os seus novos companheiros e logo uma população crítica de 99 macacos domina a nova metodologia. Quando o centésimo símio da ilha "A" aprende a técnica recém-descoberta, os macacos da ilha "B" começam espontâneamente a quebrar cocos da mesma maneira. 

Como expus anteriormente essa é uma história fictícia. Numa versão alternativa, em vez de quebrarem cocos, os macacos aprendem a lavar raízes antes de comê-las. De um modo ou de outro porém ela ilustra a idéias dos "campos mórficos", porposta por Sheldrake. Segundo o cientista, os campos mórficos são estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas no mundo material. São os campos mórficos que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um mero ajuntamento de partes. 

Sua atuação é semelhante à dos campos magnéticos, da física. Quando colocamos pó de ferro sobre uma folha e esta sobre um ímã, os grânulos metálicos distribuem-se ao longo de linhas geometricamente precisas. Da mesma forma, a areia, sobre uma placa metálica exposta ao som, forma desenhos geométricos de acordo com a frequencia deste som. De modo parecido, os campos mórficos distribuem-se imperceptivelmente pelo espaço-tempo, conectando todos os sistemas individuais a que eles estão associados: átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares e galáxias. 

A analogia termina aqui. Segundo Sheldrake, os campos mórficos, ao contrário dos campos físicos, não transmite energia, apenas pura informação. O processo pelo qual essa coletivização da informação ocorre foi batizado com nome de "ressonância mórfica". Por meio dela, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória coletiva. Parece telepatia, mas não é. Traduzindo isso para a psicologia transpessoal de base Junguiana, pode-se relacionar com a idéia do inconsciente coletivo, já bem conhecido e aceito científicamente.  

A corrente majoritária da biologia vangloria-se de reduzir a atividade dos organismos vivos à mera interação físico-química entre moléculas e faz do DNA uma resposta para todos os mistérios da vida. A realidade, porém, é exuberante demais para caber na saia justa do figurino reducionista. 

Exemplo disso é o processo de diferenciação e especialização celular que caracteriza o desenvolvimento embrionário. Como explicar que um aglomerado de células absolutamente iguais, dotadas do mesmo patrimônio genético, dê origem a um organismo complexo, no qual órgãos diferentes e especializados se formam, com precisão milimétrica no lugar e no momento certo?

A biologia reducionista diz que isso se deve à ativação ou inativação de genes específicos e que tal fato depende das interações de cada célula com sua vizinhança (celulas do aglomerado e o ambiente). É preciso estar completamente entorpecido por um sistema de crenças para engolir uma "explicação" dessas sem estar aberto a outras compreensões. Com todos os defeitos que possa ter, a hipótese dos campos mórficos é bem mais plausível. Uma estrutura espaço-temporal desse tipo direcionaria a diferenciação celuar, fornecendo uma espécie de roteiro básico ou matriz para a ativação ou inativação dos genes. 

Novamente cabe críticas à biologia reducionista, que transformou o DNA numa cartola de mágico, da qual é possível tirar qualquer coisa. Na vida real, porém, a atuação do DNA é bem mais modesta. O código genético nele inscrito coordena a síntese das proteínas, determinando a sequência exata dos aminoácidos na construção dessas macromoléculas. Os genes ditam a estrutura primária e "ponto". "A maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as céluas nos tecidos, os tecidos nos órgãos e os órgãos nos organismos não estão programadas no código genético", afirma Sheldrake. "Supõe-se atualmente que o organismo se monte automaticamente. É o mesmo que enviar, na ocasião certa, os materiais corretos para um local de construção e esperar que a casa se construa espontâneamente."

Tanto quanto a diferenciação celular, a regeneração de organismos simples é um outro fenômeno que desafia a biologia reducionista e conspira a favor da hipótese dos campos mórfogenéticos. Ela ocorre em espécies como a dos platelmintos, por exemplo. Se um animal desses for cortado em pedaços, cada parte se transforma num organismo completo. O sucesso da operação idepende da forma como o pequeno verme é seccionado. O paradigma científico mecanicista e cartesiano, capota desastrosamente diante de um caso assim. Descartes concebia os animais como autômatos e uma máquina perde a integridade e deixa de funcionar se algumas de suas peças forem retiradas. Um organismo como o platelminto, ao contrário, parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar sua forma original mesmo que partes importantes sejam removidas. 

Uma elaboração mais detalhada da idéias de Sheldrake pode trazer impactos de difícil compreensão na vida humana. Segundo Sheldrake, "Experimentos em psicologia mostram que é mais fácil aprender o que outras pessoas já aprenderam". É bastante comum também os casos de pessoas que tiveram idéias parecidas em tempos próximos. Se definitivamente comprovada, a idéia dos campos mórficos poderiam revolucionar o tratamento com células tronco e também acelerar o processo de aprendizado na educação. Revolcionaria também os comportamentos violentos e pervertidos, proporcionando métodos de terapia mais eficazes. Segundo Sheldrake, "A ressonância mórfica tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou mal".

Doutor em biologia pela tradicional Universidade de Cambridge e dono de uma vasta experiência de vida, Sheldrake publicou seu primeiro livro em 1981, quando já era suficientemente seguro de si para suportar as críticas à sua idéia heterodoxa. Enquanto a New Scientist elogiava o trabalho como "uma importante pesquisa científica" a Nature o considerava como "o melhor candidato a fogueira em muitos anos". 

Idependente da validade ou não dos conceitos e das idéias de Sheldrake, vale o respeito pela elaboração de novas formas de compreensão das coisas de uma forma holística e global. Vai de acordo com um dos preceitos de inteligencia que tenho: "A mente genial é aquela que consegue no mesmo tempo abarcar idéias do infinitamente grande e do infinitamente pequeno"