sexta-feira, 20 de março de 2009

A New Science of Life

Vou fazer propaganda de um livro aqui. Não faria isso se não achasse o assunto interessante. O autor, Rupert Sheldrake, propõe uma hipótese que tange as idéias de Jung no seu livro: "A Nova Ciência da Vida - A hipótese a ressonância morfica e a teoria do centésimo macaco". Parece um título perfeito para uma idéia que propôe romper com os paradigmas teóricos da ciência cartesiana. 

Uma metáfora explica muito bem a hipótese: Duas ilhas tropicias, habitadas pela mesma espécie de macacos, mas sem qualquer contato perceptível entre si. Depois de várias tentativas e erros, um esperto símio da ilha "A" descobre uma maneira engenhosa de quebrar cocos, que lhe permite aproveitar melhor a água e a polpa. Ninguém jamais havia quebrado cocos dessa forma. Por imitação, o procedimento rapidamente se difunde entre os seus novos companheiros e logo uma população crítica de 99 macacos domina a nova metodologia. Quando o centésimo símio da ilha "A" aprende a técnica recém-descoberta, os macacos da ilha "B" começam espontâneamente a quebrar cocos da mesma maneira. 

Como expus anteriormente essa é uma história fictícia. Numa versão alternativa, em vez de quebrarem cocos, os macacos aprendem a lavar raízes antes de comê-las. De um modo ou de outro porém ela ilustra a idéias dos "campos mórficos", porposta por Sheldrake. Segundo o cientista, os campos mórficos são estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas no mundo material. São os campos mórficos que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um mero ajuntamento de partes. 

Sua atuação é semelhante à dos campos magnéticos, da física. Quando colocamos pó de ferro sobre uma folha e esta sobre um ímã, os grânulos metálicos distribuem-se ao longo de linhas geometricamente precisas. Da mesma forma, a areia, sobre uma placa metálica exposta ao som, forma desenhos geométricos de acordo com a frequencia deste som. De modo parecido, os campos mórficos distribuem-se imperceptivelmente pelo espaço-tempo, conectando todos os sistemas individuais a que eles estão associados: átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares e galáxias. 

A analogia termina aqui. Segundo Sheldrake, os campos mórficos, ao contrário dos campos físicos, não transmite energia, apenas pura informação. O processo pelo qual essa coletivização da informação ocorre foi batizado com nome de "ressonância mórfica". Por meio dela, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória coletiva. Parece telepatia, mas não é. Traduzindo isso para a psicologia transpessoal de base Junguiana, pode-se relacionar com a idéia do inconsciente coletivo, já bem conhecido e aceito científicamente.  

A corrente majoritária da biologia vangloria-se de reduzir a atividade dos organismos vivos à mera interação físico-química entre moléculas e faz do DNA uma resposta para todos os mistérios da vida. A realidade, porém, é exuberante demais para caber na saia justa do figurino reducionista. 

Exemplo disso é o processo de diferenciação e especialização celular que caracteriza o desenvolvimento embrionário. Como explicar que um aglomerado de células absolutamente iguais, dotadas do mesmo patrimônio genético, dê origem a um organismo complexo, no qual órgãos diferentes e especializados se formam, com precisão milimétrica no lugar e no momento certo?

A biologia reducionista diz que isso se deve à ativação ou inativação de genes específicos e que tal fato depende das interações de cada célula com sua vizinhança (celulas do aglomerado e o ambiente). É preciso estar completamente entorpecido por um sistema de crenças para engolir uma "explicação" dessas sem estar aberto a outras compreensões. Com todos os defeitos que possa ter, a hipótese dos campos mórficos é bem mais plausível. Uma estrutura espaço-temporal desse tipo direcionaria a diferenciação celuar, fornecendo uma espécie de roteiro básico ou matriz para a ativação ou inativação dos genes. 

Novamente cabe críticas à biologia reducionista, que transformou o DNA numa cartola de mágico, da qual é possível tirar qualquer coisa. Na vida real, porém, a atuação do DNA é bem mais modesta. O código genético nele inscrito coordena a síntese das proteínas, determinando a sequência exata dos aminoácidos na construção dessas macromoléculas. Os genes ditam a estrutura primária e "ponto". "A maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as céluas nos tecidos, os tecidos nos órgãos e os órgãos nos organismos não estão programadas no código genético", afirma Sheldrake. "Supõe-se atualmente que o organismo se monte automaticamente. É o mesmo que enviar, na ocasião certa, os materiais corretos para um local de construção e esperar que a casa se construa espontâneamente."

Tanto quanto a diferenciação celular, a regeneração de organismos simples é um outro fenômeno que desafia a biologia reducionista e conspira a favor da hipótese dos campos mórfogenéticos. Ela ocorre em espécies como a dos platelmintos, por exemplo. Se um animal desses for cortado em pedaços, cada parte se transforma num organismo completo. O sucesso da operação idepende da forma como o pequeno verme é seccionado. O paradigma científico mecanicista e cartesiano, capota desastrosamente diante de um caso assim. Descartes concebia os animais como autômatos e uma máquina perde a integridade e deixa de funcionar se algumas de suas peças forem retiradas. Um organismo como o platelminto, ao contrário, parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar sua forma original mesmo que partes importantes sejam removidas. 

Uma elaboração mais detalhada da idéias de Sheldrake pode trazer impactos de difícil compreensão na vida humana. Segundo Sheldrake, "Experimentos em psicologia mostram que é mais fácil aprender o que outras pessoas já aprenderam". É bastante comum também os casos de pessoas que tiveram idéias parecidas em tempos próximos. Se definitivamente comprovada, a idéia dos campos mórficos poderiam revolucionar o tratamento com células tronco e também acelerar o processo de aprendizado na educação. Revolcionaria também os comportamentos violentos e pervertidos, proporcionando métodos de terapia mais eficazes. Segundo Sheldrake, "A ressonância mórfica tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou mal".

Doutor em biologia pela tradicional Universidade de Cambridge e dono de uma vasta experiência de vida, Sheldrake publicou seu primeiro livro em 1981, quando já era suficientemente seguro de si para suportar as críticas à sua idéia heterodoxa. Enquanto a New Scientist elogiava o trabalho como "uma importante pesquisa científica" a Nature o considerava como "o melhor candidato a fogueira em muitos anos". 

Idependente da validade ou não dos conceitos e das idéias de Sheldrake, vale o respeito pela elaboração de novas formas de compreensão das coisas de uma forma holística e global. Vai de acordo com um dos preceitos de inteligencia que tenho: "A mente genial é aquela que consegue no mesmo tempo abarcar idéias do infinitamente grande e do infinitamente pequeno" 

Sartre em 5 minutos

Paulo Ghiraldeli consegue resumir brevemente neste vídeo as principais idéias de do filósofo francês Jean Paul Sartre, ícone do existencialismo moderno. 





quarta-feira, 18 de março de 2009

Steve Jobs

Steve Jobs, para quem ainda não conhece, é o fundador da Apple e criador do melhor computador pessoal com o melhor sistema operacional já feito até hoje. Além disso, o que faz dele um dos empresários mais admirados no mundo é sua capacidade de inovação. Inovou na interatividade com o computador inventando a idéia do mouse; criou o sistema para computadores multi-operacional e em janelas (copiado mais tarde, entre outras coisas, pelo Sr. Gates); inovou a forma como se ouve música com os tocadores de Mp3 (o primeiro foi o Ipod); inovou novamente com o telefone touch screen e com acesso a internet (o primeiro foi o Iphone). Ou seja, um cara criativo com uma visão sempre a frente de seu tempo.  Sem ele muitas coisas das quais estamos acostumados hoje, talvez nem existiriam. 

Deixando a rasgação de seda um pouco a parte, vamos ao video...

Este vídeo, mostra Steve Jobs em 2005, quando fez  um discurso na formatura de graduação da turma de alguma coisa em Stanford, nos EUA. Como paraninfo, deu conselhos aos formandos expondo fatos interessantes de sua vida: como fez a Apple e a Pixar serem as grandes empresas que são hoje; as adversidades que enfrentou até ser o cara que é hoje, como por exemplo o fato de ser adotado, de como foi demitido da própria empresa que criou e de como enfrentou o diagnóstico de câncer. 

Em resumo, dá uma lição de amor por aquilo que se faz, e pela vida. 




Dica do Rui Castro por E-mail

domingo, 8 de março de 2009

Paradoxo


"Um paradoxo é uma verdade em pé sobre sua própria cabeça."

Pensa....



Pensa mais um pouco...

Nada a haver com a foto né...

Males da Infância

Um dos meus grandes mestres, Prof., Getúlio Castro, é um cara que estuda com afinco a tal da "Neuropsicanálise", uma coisa que particularmente sempre achei uma grande bobagem, afinal psicanálise e neurobiologia falam de coisas muito diferentes. Uma fala da vida e da relação do sujeito com o outro, com o ambiente. A outra fala das neurotransmissões e dos mecanismos cerebrais envolvidos. Depois de ler esse artigo, consegui entender melhor o que sse passa na cabeça do "Get", além de entender que meu desgosto por essa associação vinha de simplismente não conseguir compreender que ela era possível. 

O Biológo Sidarta Ribeiro, chefe da tropa do Instituto Internacional de Neurociência de natal (RN), costuma dar uma palestra sobre Freud e a neurobiologia que deixa torcidos os narizes tanto de psicanalistas quanto de biólogos. O ponto alto é uma relação de pesquisas recentes para mostrar que Freud atirava no que via e às vezes acertava no que não podia ver. Faltava-lhe a mira telescópica da biologia molecular.

Ribeiro terá de aumentar a lista para incluir um novo trabalho revelador de Patrick mcGowan. O estudo da universidade canadenese McGill, na última edição do periódico "Nature Neuroscience", focaliza um mecanismo que ajuda a entender como de modo concreto e não por meio de vagas "pulsões", como experiências da infância que conformam a base do comportamento do adulto. 

MCGowan também não trabalhou com os genes, que alguns desinformados ainda supõem conter todo o destino de uma pessoa escrito em código cifrado de DNA. Deu preferência para um dispositivo químico (metilação) que silencia genes, ou seja, impede que eles sejam usados pelas células. Fez essa escolha a partir de pesquisas com ratos apontando que era um mecanismo importante para gravar no cérebro efeitos de vivências infantis. 

Niguém sabe se roedores têm complexo de Édipo, mas já se conhece bem o resultado de lambidas frequentes das ratas sobre seus filhotes. Eles se tornam mais resistentes ao estresse, característica que mantém até a vida adulta. E esta resposta tem a ver com hormônios glicocorticóides, como o cortisol (conhecido como o "hormônio do estresse").

No foco da pesquisa canadense estava a metilação do gene NR3C1, mordaça bioquimica que atrapalha a comunicação desses hormônios. Seguindo a pista dos ratos, a equipe de McGowan levantou a hipótese de que seres humanos maltratados na infância - por abuso sexual, espancamentos, etc - apresentariam o mesmo padrão de silenciamento. Acertaram na mosca do alvo invisível para Freud. 

Como não dá para fazer com gente viva os experimentos infligidos a roedores, o grupo da McGill recorreu a cadáveres. Mais exatamente, cadáveres de suicidas, divididos em dois grupos: com e sem história documentada de abusos na infância. 

Para controle, examinaram também a metilação do gene NR3C1 no cérebro de pessoas que tivessem morido de modo repentino. 

O resultado esperado era que o padrão de silenciamento de glicocorticóides entre suicidas maltratados na infância fosse mais intenso do que entre os outros suicidas ou entre não suicidas. Não deu outra! McGowan mostrou que, assim como acontece com ratos,  seres humanos carregam para a vida adulta marcas indeléveis do que os entes queridos lhes fazem (ou deixam de fazer). 

É obvio que devem existir muitos outros mecanismos do gênero em ação, como alerta Steven Hyman, da Universidade de Harvard, no mesmo número da "Nature Neuroscience". Para entendê-los, "será necessária a profundidade ilustrada pela linha de pesquisa que culminou no trabalho de McGowan et al., mas também uma amplitude muito maior, e então [teremos] os meios para elucidar o número estonteante de interações gene-gene e gene-ambiente que estão por trás de quem somos e do que fazemos". 

McGowan encontrou o que podemos chamar de o "inconsciente molecular", por assim dizer - de cuja compreensão não nos encontramos tão mais próximos assim do que estava Freud quando escreveu em 1895, seu "Projeto para uma Psicologia Científica". 

Baseado no texto homônimo de Marcelo Leite na Folha de SP