segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O Dasein e o meu cachorro

Tava sussa em casa hoje até me pegar pensando uma coisa curiosa: Será o ser humano a mesma coisa que um animal? Um sistema biológico do qual evoluiu uma mente? Qual a diferença entre nós e os animais? Pensei então numa característica do ser humano que eu não sabia se havia em animais, a psicose. Procurei então algum trabalho na internet que falasse sobre psicose em animais. Acabei encontrando um texto interessante sobre fenomenologia.

O texto fala sobre um conceito chamado “Daseinsanalyse” ou "Análise Existencial", que é derivada da Fenomenologia. É uma teoria psicológica, que entretando difere das outras por uma peculiaridade inicial: Não é proposta a partir do modelo biológico. A psicologia tradicional entende o psicológico como uma espécie de fenômeno derivado da condição orgânica. Enquanto a perspectiva tradicional busca prender o homem como uma composição evolutiva dentro do processo da vida, a Daseinsanalyse tenta compreender o homem na sua novidade inaugural. O que a especie humana inaugura no conceito de evolução é a capacidade de fazer perguntas. Segundo Heidegger, grande filósofo da fenomenologia, o homem é fundamentalmente antes de tudo, uma enorme pergunta. Fazer uma afirmação de uma percepção nada mais é que um comportamento autômato, responsivo, pois fazer uma afirmação é, um comportamento que coresponde a uma determinada percepção. Coisa de estímulo - resposta.

Heidegger então se aproxima muito do pensamento oriental quando diz que a capacidade de fazer perguntas, determina falta. Segundo ele existe um espaço onde se gera toda e qualquer pergunta, e o homem ao se aproximar deste espaço configura uma falta. Por essa capacidade, assim dizer, de fazer buracos, de criar não seres, não existentes, de criar vazio, o homem diferencia-se radicalmente dos seres que também existem.

Trazendo isso pra psicopatologia, Boss desenvolveu um conceito de doença que se aproxima muito do conceito do Dr. Carol Sonnenreich que envolve a "liberdade de escolha" do ser. Diz que todo diagnóstico psicopatologico, tem como referencia o que a pessoa é. Dr. Boss, olha para o paciente pela ótica do não-ser. Ele diz que o problema do esquizofrênico não é o que ele percebe, o que ele vive, o que ele sente. Seu problema é o que ele não pode perceber, o que ele não pode sentir, o que ele não pode ser. Não é porque uma pessoa conversa com marcianos que nós podemos afirmar que ela seja um doente. O que torna esse indivíduo um doente é a sua não-liberdade frente a esses mesmos marcianos com os quais ele conversa. Porque, segundo Boss, se, em algum momento, este mesmo esquizofrênico pudesse se relacionar com esses mesmo marcianos, de uma maneira livre e autônoma, ninguém poderia honestamente afirmar que ele tenha qualquer problema.

A minha opinião sobre isso tudo... Quem garante que meu cachorro não se pergunta alguma coisa também??? As vezes acho até que ele conversa com marcianos!!!

Heiddeger era um cara esperto, pena que era nazista.

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